Tesouro Direto: por que prefixados subiram e títulos de inflação desvalorizaram em outubro? Entenda


Com as eleições no radar e receios relacionados ao processo de aperto monetário nas economias desenvolvidas, os títulos públicos apresentaram movimento misto em outubro: papéis prefixados registraram valorização de até 1,31%, ao mesmo tempo em que títulos atrelados à inflação desvalorizaram até 4,24%, em sua maioria.

No caso dos papéis prefixados, é possível perceber que a taxa oferecida pelos títulos recuou ao longo do mês. Não à toa, os títulos subiram até 1,31%, caso do Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral.

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a Selic – mais uma vez – em 13,75% ao ano e os números melhores para a prévia da inflação oficial (IPCA-15) de outubro ajudaram a fazer com que as taxas de prefixados recuassem, mesmo diante de um cenário de maior volatilidade marcado pela corrida à Presidência mais disputada dos últimos pleitos.

Também pesou a visão de investidores de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá subir os juros em ritmo mais lento nos Estados Unidos, o que ganhou força nas últimas semanas. A narrativa foi ajudada por dados de atividade mais fracos e pela falta de surpresas na divulgação do PCE, indicador de consumo pessoal considerado o índice preferido do Fed para acompanhar o comportamento de preços.

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O efeito de aumento nos preços dos títulos, em momentos de recuo das taxas de remuneração tem origem na chamada marcação a mercado. Durante a existência de um papel, seu preço é marcado diariamente conforme as taxas que o mercado precifica a cada dia.

Na prática, os papéis prefixados costumam valorizar quando as taxas de juros estão em tendência de queda. O contrário também é verdadeiro: os preços dos papéis normalmente caem quando as taxas de juros sobem, como estava ocorrendo nos meses anteriores, enquanto o mercado precificava uma provável continuação do ciclo de aperto monetário. Por isso, até o vencimento, alguns papéis ficaram com rentabilidade negativa em alguns momentos deste ano.

Já no caso de papéis atrelados à inflação, o movimento foi contrário: as taxas abriram e os preços dos títulos recuaram. A maior desvalorização foi registrada pelo Tesouro IPCA+2045, que viu o preço cair 4,24% em outubro, contra uma alta de 1,61% em setembro.

Destaque também para os papéis com vencimento em 2035 e 2055, com cupom semestral, que registraram uma queda nos preços de 1,45% e de 1,22%, respectivamente.

Entre os papéis atrelados à inflação disponíveis para compra no Tesouro Direto, apenas o título com vencimento em 2026 registrou alta nos preços de 0,91%.

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Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em outubro de 2022 e no acumulado dos últimos 12 meses: 

Títulos Vencimento Últimos 30 dias No ano 12 meses
Tesouro Prefixado 01/01/2025 0,58 6,04 11,79
Tesouro Prefixado 01/01/2029 0,97
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2033 1,31
Tesouro Selic 01/03/2025 1,05 10,4 11,92
Tesouro Selic 01/03/2027 1,06 10,72 12,33
Tesouro IPCA+ 15/08/2026 0,91 6,51 11,9
Tesouro IPCA+ 15/05/2035 -1,45 -0,6 7,11
Tesouro IPCA+ 15/05/2045 -4,24 -9 1,46
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2032 -0,23
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2040 -0,4 2,75 8,72
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2055 -1,22 0,48 6,55

*Os títulos que não possuem rentabilidade acumulada no ano ou em 12 meses estão disponíveis a menos tempo e, por isso, não há cálculo de retorno.

Como investir no pós-eleições

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que deve movimentar o mercado e a curva de juros nos próximos dias são os possíveis anúncios em torno do novo ministro da Economia e de sua equipe econômica.

Na avaliação de Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, da XP, tais anúncios podem ajudar a reduzir a incerteza em torno do próximo mandato, mas teriam como consequência a elevação ou queda dos juros a depender da direção tomada pelo novo governo.

Se o cenário se concretizar de acordo com as expectativas, ou seja, sem anúncios que retomem o modo de aversão nos mercados, as três acreditam que as taxas prefixadas dos títulos de renda fixa devem seguir por volta de 11,7% (no caso dos prefixados), ou em torno de IPCA + 5,7% (no caso dos papéis atrelados à inflação) – o que indicaria uma possibilidade de valorização dos títulos.

Ainda assim, como o cenário segue de bastante volatilidade, a equipe da XP afirma que é necessário monitorar as movimentações e indicações do novo governo. “Se confirmando a convergência para o cenário de maior risco fiscal, podemos esperar carteiras com parcelas elevadas em renda fixa, especialmente pós-fixados e títulos IPCA+ (com vencimentos curtos e médios, até 5 anos)”, observa.


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