Tesouro Direto: taxas ficam suspensas após discurso de Powell e decisão do Fomc


As negociações dos títulos públicos foram suspensas por volta das 16h30 da tarde desta quarta-feira (15), diante da forte volatilidade nos preços e taxas. Com isso, investidores conseguiram apenas negociar papéis como o Tesouro Selic.

Quando isso ocorre, o Tesouro suspende temporariamente as vendas e compras para evitar que o investidor feche temporariamente as transações a um preço que possa ficar rapidamente defasado.

Antes da suspensão, as taxas dos títulos negociavam com forte queda. Nos prefixados a queda nas taxas era de até 19 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação as taxas recuavam até 8 pontos-base.

Segundo Luciano Costa, sócio e economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, o comportamento das taxas foi moderado, apesar de um discurso duro do Fomc – que elevou em 0,75 ponto percentual os juros americanos – para uma faixa de 1,5% a 1,75%.

Embora seja o maior aumento desde 1994, a alta já era esperada pelo mercado, motivo pelo qual Luciano Costa justificou a queda nas taxas mais cedo. “No mercado de juros houve uma certa antecipação em relação a decisão de 0,75%. As Treasuries também ficaram comportadas e isso fez com que os juros no Brasil não sejam pressionados”, avalia.

Juros nos EUA, reunião do BCE e China

Na cena externa, o foco do mercado está no Federal Reserve. Na avaliação de agentes financeiros, a autoridade monetária americana tem se mostrado atrás da curva e será preciso um ajuste maior para domar a inflação americana, o que pode trazer consequências sérias para a economia dos Estados Unidos.

Marcio Fontes, gestor da ASA Investments, avalia que o problema é muito grande para que seja resolvido sem causar uma grande recessão. “Muito provavelmente, vamos ver uma recessão [nos Estados Unidos]”, disse o especialista em live do Stock Pickers nesta terça-feira (15).

O gestor afirma que a inflação americana está perto de 4% e que a meta é de 2%. Segundo o executivo, para domar a inflação será preciso fazer uma virada no desemprego, para que fique 8% acima do patamar atual. “O desemprego está em 3,6%, logo teria que ir para 11,6%. É algo bastante difícil”, afirma.

Para causar esse choque, o especialista da ASA Investments nota ainda que será necessário fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) retraia em cerca de 16% ao longo de um período que pode ser de três a quatro anos. “Não tem como fazer com que o PIB retraia tanto sem causar uma recessão”, observa.

Indicadores preocupantes na zona do euro também chamam a atenção do Banco Central Europeu (BCE), que convocou uma reunião de emergência, nesta quarta-feira (15) para “discutir as atuais condições no mercado”. Há expectativa de que os dirigentes do BCE tenham no centro de suas discussões os custos crescentes de empréstimos na Europa.

Já na China, a atividade econômica chinesa melhorou no mês passado, com Pequim afrouxando as medidas de controle da Covid-19 para apoiar o crescimento, segundo dados oficiais.

A produção industrial subiu 0,7% em maio em relação ao ano anterior, melhorando ante a queda de 2,9% em abril e também mais positiva do que o recuo de 1% esperado por economistas consultados pelo The Wall Street Journal.

As vendas no varejo, um indicador importante do consumo chinês, caíram 6,7%, em comparação com a queda de 11,1% em abril, informou o Departamento Nacional de Estatísticas. A leitura foi melhor do que a queda de 6,9% esperada pelos economistas pesquisados.

Petrobras, ICMS e despacho gratuito

Na cena política, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto-base do projeto de lei complementar (PLP 18/2022) que estabelece um teto para a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicações e de transporte público.

A matéria enquadra esses quatro tipos de bens e serviços como essenciais ou indispensáveis, não podendo ser tratados, do ponto de vista tributário, como supérfluos. Dessa forma, os Estados e o Distrito Federal ficariam impedidos de cobrar uma taxa superior à alíquota geral do ICMS, que varia entre 17% e 18%, dependendo da localidade.

A votação dos destaques na Câmara, no entanto, ficou marcada para hoje (15). O motivo foi um problema técnico no painel de votação do plenário.

De olho no peso dos combustíveis sobre o bolso dos consumidores, membros do governo se reuniram na última segunda-feira (13) com a diretoria da Petrobras (PETR3;PETR4) para tentar impedir o aumento de combustíveis que a estatal planeja anunciar ainda nesta semana, segundo apurações da imprensa.

De acordo com o Broadcast, da Agência Estado, a ideia da petroleira é reajustar o preço da gasolina em 9% e o do diesel, em 11%, como forma de amenizar a defasagem de valores entre o mercado interno e o mercado internacional.

Também na cena política, o despacho gratuito voltou à pauta na véspera. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou a emenda que trata sobre o restabelecimento do despacho gratuito de bagagens de até 23 kg em voos nacionais e 30 kg em viagens internacionais. A medida tinha sido aprovada no mês passado na Câmara dos Deputados.


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