Tesouro Direto: taxas dos prefixados batem recorde e oferecem até 13,46% ao ano


Em dia de sessão azeda no mercado de juros local, as taxas dos títulos públicos avançam na tarde desta segunda-feira (18). Nos prefixados, as taxas sobem até 13 pontos-base e alcançam patamar recorde, enquanto nos títulos atrelados à inflação a alta é de até 5 pontos-base.

Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o movimento das taxas acompanha a forte recuperação das commodities, que reduz a probabilidade de um ciclo desinflacionário no futuro.

O dia também é marcado por tensão política em Brasília, com reunião do presidente Jair Bolsonaro com ministros e embaixadores, no Palácio da Alvorada, para falar sobre o sistema eleitoral brasileiro e supostas provas de fraude nas eleições presidenciais. “Isso aumenta a percepção de risco dos ativos locais”, cita Borsoi.

O economista destaca também que apesar do recuo no Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) na margem, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) e a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Benefícios – que deve manter o consumo das famílias aquecido – a elevação das projeções de inflação para 2023 no Relatório Focus, que balizará as decisões do Copom (Comitê de Política Monetária), também contribuiu com a alta nas taxas.

Já no mercado internacional, Borsoi aponta uma menor aversão ao risco com a percepção de um Federal Reserve, banco central americano, menos hawkish (inclinado ao aperto monetário) que o esperado e novas medidas do governo chinês para apoiar o mercado imobiliário. “Isso leva à pressão altista nas taxas de juros ao redor do mundo, em semana de divulgação de inflação na Europa e decisão do Banco Central Europeu (BCE)”, diz.

Borsoi também destaca a decisão da Gazprom de declarar “força maior” em alguns contratos, o que eleva as incertezas em torno do fornecimento de gás natural na Europa, fazendo com que as cotações das commodities agrícolas avancem mais de 4%.

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos prefixados alcançam novo patamar recorde. Os títulos públicos ofereciam até 13,46% ao ano na última atualização desta segunda-feira (18).

O Tesouro Prefixado 2025 oferecia uma rentabilidade anual de 13,34% às 15h32, acima dos 13,21% vistos na sexta-feira (15). A taxa era recorde para 2022, superando os 13,30% registrados no dia 12 de julho.

No Tesouro Prefixado 2029, o retorno oferecido de 13,35% também era recorde neste ano, acima dos 13,25% vistos em 11 de julho.

Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia uma rentabilidade anual de 13,46%. Esta é a maior já vista em 2022 para o título, desde o dia 12 de julho, quando chegou a 13,40%.

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas avançavam entre 3 e 5 pontos-base. O maior ganho real era do Tesouro IPCA+ 2055, de 6,20%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (18): 

Fonte: Tesouro Direto

Rentabilidade de CDBs de inflação avança

Na esteira de novas revisões para cima das estimativas para a inflação do ano que vem, as taxas oferecidas por Certificados de Depósito Bancário (CDBs), com retorno atrelado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também avançaram.

Exemplo disso é que a rentabilidade real máxima oferecida por CDBs indexados à inflação chegou a 8,65% entre os dias 4 e 18 de julho. O percentual é maior do que 7,52% vistos 15 dias antes e não inclui a dedução no Imposto de Renda (IR).

Os números fazem parte de levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney.

Segundo a pesquisa, o CDB em questão era emitido pelo Banco BTG Pactual, que possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo AA, segundo a Fitch Ratings. O papel apresentava vencimento em 12 meses.

Retornos de CDBs atrelados à inflação, com prazo de 24 meses, também subiram na última quinzena, saltando de 6,22% para 8,41%. Por outro lado, papéis com vencimento a partir de 36 meses, registraram recuo dos retornos, de 7,05% para 6,28% agora.

Saiba mais em: 

Rentabilidade de CDBs de inflação avança e chega a 8,65%, com revisões para cima do IPCA

Relatório Focus

O destaque da cena local está no Relatório Focus. Números divulgados hoje mostraram, mais uma vez, um recuo nas projeções para a inflação deste ano, que passaram de 7,67% para 7,54% em uma semana.

As alterações têm como pano de fundo a aprovação de projetos como a PEC dos Combustíveis, que colocaram um teto entre 17% e 18% para o ICMS cobrado sobre uma série de itens essenciais, tais como combustíveis.

Analistas, no entanto, alertam que a redução não é duradoura e que terá impacto sobre a inflação no próximo ano. Não à toa, as expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 têm passado por sucessivas revisões para cima.

Embora a inflação possa recuar neste ano, a mediana das estimativas para a Selic foi mantida em 13,75% pelos economistas.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), as projeções de crescimento em 2022 melhoraram em 0,16 ponto percentual, passando a 1,75%, enquanto, para 2023, permaneceram em 0,50%.

Veja também:

FI-Infra combina renda mensal acima da inflação e isenção de Imposto de Renda; como funcionam?

PEC dos Auxílios e recesso parlamentar

Já na cena política, ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) avaliam que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios terá problemas quando passar pelo crivo da Corte, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg.

De acordo com a apuração da agência, o principal entrave é o trecho que trata da criação do estado de emergência. O mecanismo foi incluído na PEC para driblar a legislação eleitoral.

Quando chegar a hora, os técnicos do governo que elaboraram a proposta podem acabar respondendo a um processo na corte de contas, segundo uma fonte que acompanha o assunto de perto.

Após uma semana bastante corrida, a Câmara dos Deputados inicia a partir de hoje (18) o período de recesso parlamentar, que vai até 31 de julho. Com a chegada do período eleitoral, a expectativa é que os parlamentares realizem um esforço concentrado para a votação de matérias logo na primeira semana de retorno aos trabalhos, entre 1º e 5 de agosto.

Segundo Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, uma das propostas que pode ser votada pelos deputados é a que trata do rol taxativo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre as coberturas dos planos de saúde. A proposta, contudo, depende da construção de um acordo com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado.


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