Tesouro Direto: na ressaca da Super Quarta, juros de prefixados vão a 11,62% em 2ª sessão seguida de queda


Um dia após as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, os juros oferecidos pelos títulos públicos do Tesouro Direto continuam em queda na tarde desta quinta-feira (22), com recuo de até 32 pontos-base (0,32 ponto percentual).

Fabiano Zimmermann, gestor de renda fixa da ASA Investments, afirma que a expectativa é de que a curva de juros futuros continue a fechar – em outras palavras, que os juros sigam caindo – nos vencimentos intermediários e longos.

“Eu entendo que a curva de juros vai precificar o Copom. O mercado vai tentar entender onde que será o ponto de virada, ou seja, quando o BC vai iniciar o corte de juros”, diz Zimmermann.

Na véspera, o Copom optou por manter a taxa de juros em 13,75% ao ano e sinalizou o encerramento do ciclo de altas da Selic. O Comitê, no entanto, evitou dar sinais de quando dará início ao corte dos juros, ao mesmo tempo em que destacou que não hesitará em retomar as elevações caso a inflação não recue como esperado.

A sessão de quarta (21) também foi marcada pela decisão do Fed de elevar a taxa dos Fed Funds em 0,75 ponto percentual, para a faixa entre 3% e 3,25%. Para a próxima reunião, os agentes financeiros esperam outra elevação de 0,75 ponto percentual, seguida por mais uma de 0,50 ponto percentual em dezembro, segundo a plataforma CME Group.

Investidores também repercutem a elevação da taxa de juros em 0,50 ponto pelo Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês). A sessão é marcada ainda pelo recuo do dólar frente ao real e pelo avanço nas cotações do petróleo.

Por volta das 15h36, o dólar comercial apresentava queda de 0,75%, cotado a R$ 5,132. O barril de petróleo Brent para novembro fechou em alta de 0,70%, cotado a US$ 90,46, enquanto o WTI avançou 0,66%, negociado a US$ 83,49.

Na última atualização da tarde do Tesouro Direto às 15h38, o maior juro era oferecido pelo Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral, no valor de 11,62% ao ano, bem abaixo dos 11,87% ao ano vistos na véspera. Tal título tinha oferecido juros abaixo de 11,80% pela última vez no dia 13 de setembro deste ano.

No mesmo horário, o retorno real mais elevado era de 5,65% ao ano, percentual que era entregue pelo Tesouro IPCA+ 2055. O valor é inferior aos 5,82% registrados um dia antes.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (22): 

Fonte: Tesouro Direto

Decisão do Copom

No Brasil, investidores repercutem o comunicado do Copom. Analistas ouvidos pelo InfoMoney destacaram que o BC optou por um caminho entre o otimismo e a cautela para sinalizar seus movimentos futuros.

Foi citado como cauteloso o trecho do comunicado do Comitê de que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que “(o Copom) não hesitará em retomar o ciclo caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”. A parte otimista foram as projeções para inflação em 2023 e 2024.

No entanto, para Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, o destaque ficou mesmo para a sinalização dada pelo Copom de que o juro ficará alto por um período prolongado.

Nesse sentido, a grande dúvida do mercado agora é sobre o início do corte, o que pode acontecer ainda no primeiro trimestre do ano que vem, de acordo com Rafaela.

Os gatilhos para isso em 2023, segundo a economista, são a definição do futuro arcabouço fiscal – sem novos estímulos à demanda – e um cenário externo de demanda global mais fraca com commodities em queda.

Copom: mais caixa e manutenção de prefixados

Ainda que a sinalização do Copom tenha sido de fim do ciclo, o cenário segue bastante incerto: agentes financeiros veem uma indefinição sobre o patamar final de juros nos Estados Unidos, há perspectiva de desaceleração global, e não há sinais muito claros sobre a equipe econômica dos candidatos mais bem posicionados.

Por essa razão, especialistas ouvidos pelo InfoMoney defendem que é preciso ter cautela. Investimentos de renda fixa prefixados podem soar como boas opções nas proximidades do final do ciclo de alta da Selic, mas ainda não chegou o momento de aumentar a posição, apenas manter, dadas as incertezas presentes no radar.

Uma das casas que preferiu manter a alocação como está em títulos prefixados é o Itaú BBA. Atualmente, 10% do portfólio sugerido de títulos públicos está no Tesouro Prefixado 2025 e 5% está no Tesouro Prefixado 2029.

Queiroz explica que a cautela tem a ver com a postura mais dura que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deverá adotar para driblar a escalada de preços. “A gente tinha um cenário incerto e isso se manteve. O que mudou nos últimos meses é que o Fed agora disse que vai controlar a inflação [ou seja, ele retirou o discurso menos inclinado ao aperto monetário]”, pondera.

Para os investimentos, isso significa que a maior alocação deve estar em títulos públicos atrelados ao CDI. Atualmente, 60% do portfólio recomendado está no Tesouro Selic 2025.

“Por mais que tenhamos um cenário complicado, é o que vai garantir a segurança. Se o BC não mexer [mais nos juros], teremos 13,75% ao ano”, diz Queiroz. “Isso me dá margem para esperar essa turbulência dentro do mercado internacional passar”.

Leia mais:
Onde investir com Selic mantida em 13,75%? FIIs e pós-fixados são opção; aposta em prefixados é limitada

Fed, BoE e BoJ no radar

Já na cena externa, o foco segue nas repercussões em torno das novas projeções apresentadas ontem (21) pelo Fed, juntamente com a decisão de elevar os juros em 0,75 ponto.

Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG, destacou que as projeções e a fala de Jerome Powell, presidente do Fed, mostraram uma postura mais dura da autoridade monetária no controle da escalada de preços no País.

Fenolio ressaltou que os números projetados do Fed mostraram que a instituição deve subir o juro em mais 125 bps (1,25 ponto percentual), fazendo com que a taxa dos Fed Funds chegue a 4,5% no encerramento deste ano.

No documento, o Fed também disse que espera pelo menos mais duas altas de juros em 2023. “Ele revisou as projeções de juro pra cima porque as projeções de inflação também subiram. Com mais inflação, tem que deixar o juro restritivo”, alertou o especialista.

O economista também destacou que, pela primeira, o Fed trouxe uma projeção mais pessimista para a taxa de desemprego. “Ele acredita que será doloroso para as famílias e para as empresas e que o desemprego terá que subir”, acrescentou.

Nesse sentido, a piora nas projeções para o mercado de trabalho pode indicar problemas maiores à frente. Segundo ele, historicamente, subidas acima de 0,30 pontos percentuais na taxa de desemprego costumam indicar que o País se aproxima de uma recessão.

“Quando o Fed projeta que a taxa vai sair de 3,80% [em 2022] pra 4,40% [em 2023], isso significa que é provável que a economia americana passe por uma recessão no ano que vem”, alerta.

A sessão também tem a decisão de política monetária no Japão, com o BoJ (banco central local) decidindo por manter a taxa de juros inalterada, em linha com as expectativas.

Encerrando a semana movimentada de decisões monetária, o Banco da Inglaterra subiu nesta quinta-feira os juros em 0,50%, para 2,25%, em decisão dividida.


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