Tesouro Direto: juros de prefixados sobem para 12,63% após inflação acima do esperado no Brasil e nos EUA


O foco do mercado nesta quarta-feira (11) está na apresentação dos números de inflação oficial, que vieram levemente acima do esperado pelo mercado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,06% em abril.

Trata-se da maior alta para o mês desde 1996, segundo mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o IPCA acumula alta de 4,29% e de 12,13% nos últimos 12 meses.

Investidores também acompanham a troca no comando do Ministério de Minas e Energia, com a saída do atual ministro Bento Albuquerque e a entrada de Adolfo Sachsida.

Atenção também para os dados de inflação vindos dos Estados Unidos, que vão ditar a postura do Federal Reserve (Fed), banco central americano, sobre os juros. Hoje, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) veio pior do que o esperado pelo mercado. Com isso, o rendimento dos títulos americanos (treasuries) de 10 anos voltou a subir acima dos 3%.

Após dias de notícias negativas vindas da China, o mercado repercute o anúncio feito hoje pelo governo de Xangai que disse que oito distritos “contiveram o vírus em nível comunitário”.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam em alta na manhã desta quarta-feira (11), de até 9 pontos-base (0,09 ponto percentual).

O maior avanço é visto no Tesouro Prefixado 2025, que oferecia 12,52% ao ano às 9h20, acima dos 12,43% registrados na véspera. No mesmo horário, o papel com vencimento em 2033, com cupom semestral, via o juro avançar de 12,60% para 12,63% ao ano.

No caso dos papéis atrelados à inflação, o destaque estava no Tesouro IPCA+ 2026, em que a taxa real subia de 5,53% para 5,60% ao ano às 9h20. O Tesouro IPCA+ 2055 segue com as negociações suspensas porque pagará juros semestrais na próxima segunda-feira (16).

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta quarta-feira (11): 

Fonte: Tesouro Direto

IPCA

Dentro da agenda econômica, os olhares dos agentes de mercado estão atentos aos números do IPCA de abril. De acordo com o IBGE, os principais impactos da inflação no mês passado vieram de alimentação e bebidas e de transportes e os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do indicador.

O grupo alimentos e bebidas teve a maior variação (+2,06%) e o maior impacto no índice (0,43 ponto percentual), seguido de perto pelo de transportes (+1,91% e 0,42 ponto percentual).

André Almeida, analista da pesquisa do IBGE, diz que alimentos e transportes “já haviam subido no mês anterior e continuaram em alta em abril”. “A gasolina é o subitem com maior peso no IPCA (6,71%), mas os outros combustíveis também subiram. O etanol subiu 8,44%, o óleo diesel, 4,74%, e ainda houve alta de 0,24% no gás veicular”.

Ao olhar os números, analistas destacaram ainda que o índice de difusão – que mede o percentual de itens com aumento de preços – continuou alto em abril. Atualmente, ele está em 78%. Trata-se do maior valor desde abril de 2021, segundo os números apresentados hoje pelo IBGE.

Apesar de a alta acima do esperado para a inflação em abril, Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG investimentos, observa que a perspectiva para os próximos meses é de desaceleração na inflação mensal. A justificativa, diz, estaria na continuação dos impactos do início da bandeira verde para energia elétrica e uma alta menor dos alimentos.

Segundo ele, a partir de junho, devemos observar a sazonalidade favorável, dada a época de colheita da safra, com aumento da oferta de alimentos e redução dos preços – com possibilidade de deflação.

Por outro lado, Oliveira destaca que dada a estimativa de defasagem da gasolina acima de 20% nas refinarias, é possível que haja algum reajuste nos próximos dias. Com isso, haveria repasse para o consumidor, com a inflação se mantendo pressionada, ainda que abaixo das taxas observadas nos últimos meses, pondera o economista.

Troca de comando, gastos eleitorais e emendas de Orçamento

Após mais um reajuste anunciado pela Petrobras na última segunda-feira (9), a política de preços da petroleira voltou a ser tema de discussão entre membros de governo. Um sinal disso é a troca no comando do Ministério de Minas e Energia pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta quarta-feira (11), Bolsonaro anunciou a saída de Bento Albuquerque (atual ministro da pasta) por Adolfo Sachsida. Segundo o texto do Diário Oficial da União (DOU), Bento foi exonerado, a pedido.

Em live na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro comparou a estatal a outras petrolíferas para pressionar uma redução do lucro da brasileira.

Também na cena política, o Senado aprovou ontem (10) o Projeto de Lei (PL) 4.059/2021, que muda o limite de gastos com propaganda do governo em anos eleitorais. O texto propõe a mudança na forma de cálculo para determinar quanto os governos federal, estaduais e municipais podem gastar com publicidade no primeiro semestre de anos eleitorais.

O projeto permitirá ao governo federal um aumento de R$ 25 milhões nessas despesas ainda este ano. O texto segue para sanção presidencial.

Também de olho nos gastos, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, indicou pelo menos R$ 357,4 milhões em emendas do orçamento secreto a municípios de Alagoas nos últimos dois anos. O montante é equivalente a quase 20 vezes o valor que os deputados tiveram direito de sugerir nas emendas individuais impositivas de 2021, cujo limite era de R$ 16,2 milhões, informa O Globo.

A maior parte dos recursos foi pedida para redutos eleitorais de Lira, entre eles o município de Barra de São Miguel, cujo prefeito é seu pai, Benedito de Lira (PP).

Inflação nos EUA e China

Investidores também acompanham de perto a divulgação do índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês). Segundo o Departamento do Trabalho americano (BLS), o indicador subiu 0,3% em abril na comparação mensal. Na base anual, a alta foi de 8,3%.

O resultado veio um pouco acima do esperado: a estimativa do mercado era de uma alta de 0,2% na comparação mensal e de 8,1% na anual, segundo o consenso Refinitiv.

Destaque também para os mercados asiáticos, que fecharam no azul em sua maioria. A alta foi puxada pelo maior ânimo dos investidores com as ações chinesas por desenvolvimentos positivos na situação da Covid-19.

O governo de Xangai anunciou hoje que oito distritos “contiveram o vírus em nível comunitário”. Enquanto isso, a capital Pequim também registrou cerca de metade do número de novos casos diários.

“A China estará lutando com muitos problemas econômicos, incluindo a cadeia de suprimentos e os fatores de inflação, mas estou um pouco menos preocupado com a cadeia de suprimentos do que talvez seis meses atrás”, disse Andrew Collier, diretor administrativo da Orient Capital Research, para a CNBC.


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