Tesouro Direto: juros de prefixados despencam para até 11,57% com melhor humor externo, IPCA-15 e ata do Copom


Após dois pregões que deixaram o mercado com gosto amargo em meio a temores de uma recessão global, os ativos de riscos apresentam recuperação na sessão desta terça-feira (27). Em dia de menor estresse, o dólar perde força. O índice DXY, que mede o potencial do dólar frente a seis moedas de países desenvolvidos, apresentava recuo de 0,32%, aos 113,73 pontos, por volta das 11h (horário de Brasília).

Na véspera, esse índice chegou a ultrapassar os 114 pontos – patamar que tinha sido visto pela última vez em 2002. A melhora do humor no mercado externo também pôde ser sentida nos rendimentos oferecidos pelos títulos americanos (Treasuries), que recuam em sua maioria nesta manhã.

Com o exterior mais calmo, o olhar se voltou para o noticiário econômico doméstico em dia de agenda cheia. Hoje, foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, que ficou no campo negativo em 0,37% em setembro na comparação mensal. O consenso Refinitiv esperava uma deflação, ou seja, um número negativo, de 0,20% no mês.

O mercado também repercute a ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que manteve a Selic em 13,75% ao ano após 12 altas consecutivas desde março de 2021. No documento, os dirigentes destacaram que a manutenção da taxa básica de juros levaria em conta a “cautela” e a “necessidade de avaliação” ao longo do tempo dos impactos acumulados da elevação dos juros.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos registram uma queda expressiva nesta manhã. Na primeira atualização do dia, os retornos entregues por alguns papéis prefixados chegavam a recuar até 29 pontos-base (0,29 ponto percentual).

Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, o forte recuo está ligado a três fatores: uma ata do Copom que deixou a chance de uma eventual alta de juros mais distante, uma melhora nos núcleos de inflação e do IPCA-15 cheio, além da recomposição dos ativos de risco nesta terça-feira após uma reação bastante negativa vista na véspera e que levou a uma subida forte das Treasuries e dos juros no Reino Unido.

“Pelo o que o documento traz [a ata do Copom], fica claro que a barra para elevar os juros é bem alta. O BC avalia que boa parte do que ele já fez ainda tem que acontecer”, destaca Costa. Já sobre o IPCA-15, o especialista avaliou que os números mostraram desaceleração dos núcleos de inflação (medida que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios temporários), o que ajudou a tirar certo prêmio (juros) da parte curta da curva.

Entre os prefixados, o maior juro era entregue pelo Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral, no valor de 11,83% ao ano, às 9h20 de hoje. O percentual é menor do que 12,10% registrados um dia antes.

Já o piso oferecido pelos prefixados era de 11,57% ao ano, bem abaixo dos 11,86% ao ano vistos na véspera. O título que oferecia tal retorno era o Tesouro Prefixado 2025.

Entre os papéis atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+2055 entregava o retorno real mais alto, no valor de 5,70% ao ano. Na sessão anterior, a remuneração desse título chegava a 5,84%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta terça-feira (27): 

Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15 e ata do Copom

O radar dos agentes financeiros está focado na divulgação da prévia da inflação oficial. Com o resultado anunciado nesta terça-feira, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,63% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 7,96%. A projeção era maior, de 8,13%.

Apesar da deflação, apenas três grupos de produtos e serviços dos nove pesquisados tiveram queda em setembro. Influenciado pelo item “combustíveis”, o grupo dos Transportes registrou recuo de 2,35% nos preços e deu a maior contribuição em pontos percentuais (-0,49 p.p.) do índice.

Os preços dos subitens etanol (-10,10%), gasolina (-9,78%), óleo diesel (-5,40%) e gás veicular (-0,30%) recuaram na comparação mensal, com a gasolina contribuindo com o impacto negativo mais intenso, de -0,52 ponto porcentual entre os 367 subitens pesquisados no IPCA-15 de setembro.

Outro destaque ficou para o grupo alimentação e bebidas, que recuou 0,47% no mês. O resultado foi puxado para baixo pela alimentação no domicílio, que caiu 0,86% em setembro. Itens como óleo de soja, tomate e o leite longa vida contribuíram para baixar a escalada de preços, sendo que o último item era visto como um dos vilões da inflação mais recentemente. Apesar do recuo no mês, no acumulado do ano, leite e derivados apresentam alta de 34,32%.

Já no grupo comunicação, diversos subitens registraram variação negativa, como planos de telefonia móvel e fixa, acesso à internet, entre outros. Todos sendo influenciados pela redução da alíquota do ICMS aprovada pelo Congresso em junho deste ano.

Os dados de hoje também mostraram recuo no índice de difusão, que mede o percentual de itens que aumentaram de preço no mês. Segundo os cálculos do economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, o índice de difusão ficou abaixo de 60%. Esse é o sexto mês seguido de queda. “É um bom sinal, mas é preciso esperar novos dados”, afirma o especialista.

Na visão do economista da Suno, o efeito defasado da alta de juros, juntamente com o recuo nos preços de commodities, alimentos e combustíveis devem continuar a contribuir para uma desaceleração da inflação no resto do ano.

Já sobre a ata do Copom, o Banco Central ressaltou hoje que avalia que o mercado de trabalho americano, assim como de outras economias avançadas, segue aquecido. No entanto, a reversão de políticas contracíclicas nas principais economias, os efeitos nos preços de energia na Europa por conta da guerra na Ucrânia e a política de combate à covod-19 na China reforçam a perspectiva de desaceleração do crescimento global nos próximos trimestres.

O BC também informou que vê uma normalização incipiente nas cadeias de suprimento e uma acomodação nos preços das principais commodities no período, o que deve levar a uma moderação nas pressões inflacionárias globais ligadas a bens.

Por outro lado, o baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho nessas economias sugere que pressões inflacionárias no setor de serviços podem demorar a se dissipar.

Eleições no Brasil

A menos de uma semana das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto com vantagem de 16 pontos percentuais sobre seus adversários, segundo pesquisa Ipec, encomendada pela TV Globo, divulgada ontem (26).

O levantamento, realizado entre os dias 25 e 26 de setembro, mostrou que Lula chegou a 48% das intenções de voto. O movimento representa uma oscilação positiva de 1 p.p. em relação ao último levantamento, divulgado na semana passada, e um salto de 4 p.p. em comparação com três semanas atrás, consolidando tendência de leve crescimento do petista.

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, registrou 31% das intenções de voto − patamar que tem mantido nas últimas três pesquisas, em uma indicação de estagnação. Com isso, a diferença entre os dois candidatos, que era de 13 pontos no começo do mês, agora chegou a 17 pontos.

Europa

Na cena externa, os mercados europeus operam mistos na sessão de hoje, com as ações tentando subir após negociações tumultuadas no início da semana. As atenções continuam voltadas para o Reino Unido após anúncios de política fiscal do Ministro das Finanças britânico Kwasi Kwarteng na sexta-feira.

Investidores permanecem cautelosos com o risco de que a libra possa ceder ainda mais em relação ao dólar, depois que o Banco da Inglaterra indicou que pode não agir antes de novembro para conter a recente desvalorização.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reafirmou ontem (26) que, dada a situação atual, a autoridade monetária espera aumentar ainda mais as taxas de juros nas próximas reuniões de seu comitê.

Isso deve acontecer para “amortecer a demanda” e “se proteger contra o risco de uma mudança persistente para cima nas expectativas de inflação”.


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