Tesouro Direto: juros de prefixados avançam para até 11,82% em dia de IPCA e mau humor externo


Dados de inflação estão no foco da sessão local desta terça-feira (11), véspera de feriado no Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,29% em setembro na comparação mensal. Foi o terceiro mês consecutivo em que a inflação ficou negativa no País, ou seja, em que houve deflação. O consenso Refinitiv apontava para uma queda de 0,34% no mês.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA registra alta de 7,17%, inferior aos 8,73% registrados no mês anterior. Alguns dados qualitativos também vieram melhores. Nos cálculos da equipe macroeconômica da XP, chama atenção que a média dos núcleos de inflação – que exclui itens voláteis do cálculo – desacelerou para 0,41% em setembro, ante 0,65% no mês anterior.

Outro fator que é positivo é o recuo do índice de difusão – medido pelo percentual de itens com aumento de preços – que passou de 65% em agosto para 62% em setembro. De acordo com a XP, os números apresentados hoje têm efeito “neutro” na visão da casa sobre o processo de desinflação em curso no País.

Fora do Brasil, o dia é negativo para as Bolsas globais. Para Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, o mundo parece em fase de transição, com o tema da inflação e dos juros dando lugar ao da recessão. “Isso já é visível na Europa e na China. Caso isso fique mais claro nos EUA, podemos vivenciar mais uma rodada de reprecificação dos ativos de risco”, afirmou hoje em suas redes sociais.

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Atenção também para o acirramento da guerra na Ucrânia. Na segunda-feira (10), Vladimir Putin, presidente russo, reivindicou os ataques a uma série de cidades ucranianas, inclusive a capital, Kiev. Putin também fez novas ameaças de que daria uma resposta ainda mais agressiva. A escalada do conflito ocorre após a explosão de uma ponte que ligava a Rússia à Crimeia no fim de semana.

Números de inflação também são aguardados na cena externa, com a divulgação do índice de preços ao produtor e ao consumidor nos Estados Unidos na quarta (12) e na quinta-feira (13).

No Tesouro Direto, o mercado de títulos opera com alta nas taxas nesta manhã. Papéis prefixados oferecem juros de até 11,82% ao ano, na primeira atualização do dia. Caso do Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral. Na sessão anterior, o retorno entregue pelo papel era de 11,78% ao ano.

Mais uma vez, os títulos atrelados à inflação com vencimento em 2035, 2045 e 2055 ofereciam a mesma rentabilidade real, de 5,81% ao ano, às 9h20. Na véspera, o juro real entregue por eles era de 5,76%, no caso do Tesouro IPCA+2035 e 2045. Já o Tesouro IPCA+2055, com cupom semestral, oferecia uma remuneração real de 5,77%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta terça-feira (11):

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Fonte: Tesouro Direto

Banco da Inglaterra

Na cena externa, as atenções seguem voltadas para o Reino Unido. O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) comunicou nesta terça-feira (11) que está ampliando o programa de recompra de títulos de longo prazo (gilts), incluindo agora títulos indexados à inflação – os chamados linkers. A nova fase do programa vai até sexta-feira (14) e será feita em conjunto com os leilões de compra diários dos títulos convencionais.

O BoE informou que está pronto para comprar até 10 bilhões de libras (US$ 11 bilhões) em gilts por dia, dos quais até 5 bilhões de libras (US$ 5,5 bilhões) serão alocados para títulos convencionais de longo prazo e outros 5 bilhões de libras para os indexados.

IPCA

O foco da agenda econômica desta terça-feira está nos números do IPCA. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro tiveram queda em setembro.

Apesar de recuar menos do que no mês anterior (-3,37%), o grupo dos Transportes (-1,98%) contribuiu novamente com o impacto negativo mais intenso sobre o IPCA do mês: -0,41 ponto percentual (p.p.). Na sequência vieram Comunicação (-2,08%) e Alimentação e Bebidas (-0,51%), ambos com -0,11 p.p.

No lado das altas, os destaques foram os grupos Vestuário (1,77%), com a maior variação positiva do mês, e Despesas Pessoais (0,95%), com a maior contribuição positiva (0,10 p.p.). Os demais grupos ficaram entre o 0,12% de Educação e o 0,60% de Habitação.

Ao comentar sobre os números de setembro, Danilo Passos, economista da WHG destaca que o número cheio do IPCA mostrou uma deflação mais branda do que o mercado esperava. Em sua análise, o indicador trouxe uma notícia positiva ao mostrar que os componentes mais ligados à demanda já fizeram o pico. Por outro lado, diz, os dados mostraram que o patamar dessa inflação mais de demanda segue muito elevado.

Um exemplo disso pode ser visto ao olhar para a inflação de serviços subjacente – que mede os preços de serviços menos voláteis – e que está em torno de 10% em termos anualizados, nos cálculos da WHG.

“Esse é um grupo particularmente importante para o Banco Central. Nos comunicados mais recentes, o BC apontou a inflação de serviços como um dos principais riscos altistas para o cenário de inflação”, pontuou Passos.

Já na avaliação de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, o IPCA trouxe sinais positivos, como a queda do índice de difusão, que voltou a recuar após subir em agosto, e a contração na média dos núcleos.

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“Ambos são bons sinais, o que pode dar uma maior segurança para o Banco Central do Brasil manter a Selic no atual patamar na próxima reunião no fim de outubro”, afirmou Sung.

Para o restante do ano, o economista-chefe da Suno acredita que o efeito da alta dos juros, juntamente com o arrefecimento dos preços de commodities, alimentos e combustíveis, devem contribuir para uma desaceleração da inflação.

STF e pesquisas eleitorais

Já na cena política, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto vê a proposta do presidente Jair Bolsonaro (PL) de aumentar para 16 o número de membros da Corte como inconstitucional, pois fere o artigo 101, que fixa em 11 o número de magistrados.

A alteração, ainda segundo Britto, pode ser lida como quebra da independência entre os Poderes, uma cláusula pétrea, conforme destaca hoje a Folha de S.Paulo.

Também na seara política, a pouco menos de três semanas do segundo turno das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo Palácio do Planalto. É o que mostrou nova rodada da pesquisa Ipec, divulgada na segunda-feira pela TV Globo.

Segundo o levantamento, realizado entre os dias 8 e 10 de outubro, Lula tem 51% das intenções de voto totais, contra 42% de Bolsonaro. De acordo com o Ipec, o cenário de segundo turno continua estável. Se a eleição fosse hoje, Lula teria 55% dos votos válidos, e Bolsonaro, 45%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com índice de confiança de 95%.


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