Tesouro Direto: juro mínimo oferecido por prefixados cai para 11,66% em dia marcado por reviravolta no Reino Unido

A semana começa com certo alívio nos mercados. A Bolsa brasileira sobe nesta segunda-feira (17), assim como as dos Estados Unidos e da Europa. O dólar, por sua vez, termina o dia com contração de 0,37% frente ao real.

O cenário favorece a descompressão dos juros. No Tesouro Direto, as taxas dos títulos públicos registram recuo na tarde desta segunda-feira, em continuação ao movimento visto no começo do dia.

“O mercado hoje está em queda por conta das notícias do fim de semana a respeito do governo do Reino Unido, que decidiu voltar atrás com relação à decisão de cortes de impostos e medidas expansionistas”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

Nesta segunda-feira, o novo ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, reverteu a maior parte dos cortes de impostos planejados pelo seu antecessor, Kwasi Kwarteng, demitido na semana passada.

Para o economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, Luciano Costa, o Reino Unido reforçou que o compromisso do País neste momento não é fazer expansão fiscal. “É um sinal positivo para a reconstrução da credibilidade da política fiscal na economia britânica”, detalhou.

Nesse cenário, os juros oferecidos por papéis prefixados negociados no Tesouro Direto recuavam até 12 pontos-base (0,12 ponto percentual), na última atualização do dia. O piso chegava a 11,66% ao ano e era oferecido pelo Tesouro Prefixado 2025. O percentual está abaixo dos 11,78% vistos na sexta-feira (14).

Já os papéis atrelados à inflação registraram recuo de até 7 pontos-base (0,07 ponto percentual) no primeiro dia útil da semana, caso do Tesouro IPCA+ 2026, que oferecia um juro real de 5,55% ao ano, inferior aos 5,62% registrados na sessão anterior.

Dados de atividade no Brasil também balançaram a agenda do dia. Hoje, o Banco Central divulgou que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 1,13% em agosto na comparação mensal. A queda foi mais forte do que era esperado pelo mercado.

Agentes financeiros repercutiram ainda o primeiro debate presidencial do segundo turno e novas revisões nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) em 2022 e em 2023.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (17): 

Fonte: Tesouro Direto

Reino Unido

As atenções dos investidores estão voltadas para a Inglaterra. Segundo anúncio feito hoje por Jeremy Hunt, novo secretário do Tesouro do Reino Unido, o governo deve poupar ao todo £ 32 bilhões (US$ 36 bilhões) por ano, com a reversão do pacote fiscal proposto na semana passada. Os cálculos levam em conta as medidas anunciadas nesta segunda-feira (17), juntamente com o cancelamento anunciado na semana passada do corte de impostos corporativos.

O Banco da Inglaterra (BoE) também divulgou nesta segunda-feira (17) um comunicado sobre o fim das operações de compras de gilts, como são conhecidos os títulos emitidos pelo governo britânico. Iniciado em 28 de setembro com objetivo de acalmar os mercados financeiros, o programa terminou na última sexta-feira (14) conforme o previsto.

Relatório Focus e IBC-Br

Enquanto isso, no Brasil, o destaque da cena econômica está nos dados do IBC-Br, que recuou 1,13% em agosto na comparação mensal. A queda veio mais forte que a esperada pelo mercado (que projetava recuo de 0,5%, segundo o consenso Refinitiv) e interrompeu dois meses de crescimento. Em julho, o indicador teve alta de 1,17%, na comparação mensal.

Com o resultado de julho, o IBC-Br nos últimos 12 meses mostra variação de +2,08%, e de 2,76% em 2022. Em relação a julho de 2021, o índice teve crescimento de 4,86%.

Destaque também para o Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, pelo Banco Central. No documento, o mercado financeiro manteve a tendência de redução na expectativa de inflação para 2022, assim como a de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.

Segundo as instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC, a expectativa para o IPCA deste ano passou de 5,71%, há uma semana, para 5,62%. Para 2023, recuou de 5,00% para 4,97%. Já para 2024, caiu de 3,47% para 3,43% – segunda semana de queda.

Rafaela Vitória, economista-chefe e head do departamento de research do Banco Inter, chama atenção para o fato de que a mediana da projeção para 2023 caiu para abaixo de 5% pela primeira desde junho deste ano. “Em breve veremos revisões para baixo para a Selic no fim de 2023”, escreveu ela em suas redes sociais.

A projeção de alta do PIB, por sua vez, subiu de 2,70% para 2,71% neste ano e também foi elevada, de 0,54% para 0,59%, em 2023 (terceira semana seguida de alta).

Foi a décima sexta semana consecutiva de queda na projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano.  Para 2022, foi retomada a projeção de alta para a estimativa do PIB, após uma semana de estabilização.

Já a estimativa para o dólar está estável há 12 semanas, com cotação prevista em R$ 5,20 por US$ 1, tanto para 2022 como para 2023. Para 2024, caiu de R$ 5,11 para R$ 5,10.

A expectativa para a taxa de juros básica (Selic) também foi mantida em 13,75% para este ano (17 semanas de estabilidade). Para 2023, as estimativas seguiram em 11,25% pela sexta semana seguida. Também houve manutenção para 2024, onde as projeções permaneceram em 8% – resultado que segue há 14 semanas.

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