Qual será o impacto das eleições de meio de mandato dos EUA para Wall Street?


Nesta terça-feira (8) ocorrem as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, que estão sendo acompanhas de perto pelos investidores e já gerando reações no mercado.

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimento, há várias diferenças entre o sistema eleitoral americano e o brasileiro. Uma delas é que, nos Estados Unidos, há um pleito que renova boa parte do Congresso americano na metade do mandato presidencial. As eleições da metade do mandato, conhecidas como “mid term”, são um dos principais eventos políticos, só perdendo para a própria eleição presidencial.

Elas acabam funcionando como um meio de ajuste importante para as direções do governo. Em 2020, o democrata
Joseph Biden derrotou o republicano Donald Trump. A então oposição democrata e também conquistou a maior parte dos assentos no Congresso, o que garantiu a Biden a possibilidade de governar com uma certa tranquilidade.

“No entanto, os dois primeiros anos de seu mandato foram marcados por diversos problemas. Houve problemas econômicos, como a inflação elevada. Problemas políticos, como as divergências entre os democratas e a ferrenha oposição
republicana. E internacionais, como os atritos com a China e, mais recentemente, a invasão russa à Ucrânia. Tudo isso reduziu a popularidade de Biden e poderá, na opinião de quem conhece a política americana, levar a uma volta da maioria republicana ao Capitólio”, destaca.

Nesta eleição estão em disputa 35 das 100 vagas no Senado e todas as 435 vagas da Câmara dos Deputados. Também serão
escolhidos 36 dos 50 governadores, além de muitos parlamentares estaduais. Três presidentes americanos – Bill
Clinton, Barack Obama e Donald Trump – perderam a maioria ou viram suas vantagens encolherem muito nas eleições de meio de mandato.

A expectativa é de que os Republicanos devam dominar a Câmara nas ‘midterms’ dos EUA, enquanto o controle do Senado ainda está em disputa.

Eventualmente, a volta da maioria republicana vai obstruir várias das propostas de Biden o que, a princípio, tem sido visto como positivo para os mercados. “O comportamento dos preços dos ativos tende a ser melhor quando há presidentes
democratas e congressos republicanos, pois o equilíbrio de forças impede exageros de parte a parte”, destaca a Levante.

“Neste cenário de resultado eleitoral, não devemos fazer grandes mudanças em nossas previsões de crescimento do PIB, inflação ou juros básicos como resultado da eleição”, disseram economistas do Wells Fargo. “Em vez disso, manutenção do status quo e impasse político nos parecem o resultado mais provável, com a possibilidade de alguns dramas de paralisação do governo/teto da dívida nos próximos dois anos.”

Mathieu Racheter, chefe de pesquisa de estratégia de ações da Julius Baer, vai no mesmo sentido, e aponta que a reação inicial do mercado às eleições provavelmente será bastante discreta, já que esse cenário de “impasse”, que possa impedir mudanças radicais nas políticas atuais, é amplamente esperado pelos investidores.

Racheter reforça que, no médio prazo, essa composição tende a levar a retornos de ações mais altos, uma vez que também reduz a incerteza política.

Já olhando historicamente, aponta, as ações dos EUA apresentaram retornos abaixo da média durante um ano eleitoral de meio de mandato.

Ao observar os dados desde a década de 1930, o desempenho médio do S&P 500 durante o segundo ano do mandato de um presidente foi de 3,75%. O retorno mais alto geralmente ocorre no ano seguinte às eleições de meio de mandato, quando o S&P 500 subiu, em média, 16,3%.

Há também um padrão claro visível em um ano eleitoral de meio de mandato: até o final de setembro, o desempenho do mercado de ações é bastante tímido devido à incerteza em torno do resultado eleitoral, apenas para ser seguido por um forte rali no quarto trimestre, avalia o estrategista.

Ao citar que, tratando-se da composição do Congresso, os dados históricos sugerem que os mercados de ações tendem a “acolher” de certa forma o impasse em Washington, o estrategista do banco ressalta algumas combinações que levam a um maior retorno de ações.

“Os retornos das ações dos EUA tendem a ser mais fortes quando (a) os democratas controlam a presidência e o Congresso está dividido entre os dois partidos (14%) ou (b) os democratas controlam a presidência, mas os republicanos controlam o Congresso (13%), ambos os resultados prováveis”, avalia.

Porém, Racheter pondera que, embora uma análise histórica dos retornos das ações durante um ano eleitoral de meio de mandato dê alguma indicação de tendência, ele acredita que este não será o principal catalisador do mercado nos próximos meses.

“Em vez disso, a trajetória da inflação e da economia e a postura do Federal Reserve provavelmente determinarão as perspectivas para as ações dos EUA nos próximos meses”, avalia.


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