Novo ETF permite investir em títulos Tesouro Selic; há vantagens sobre CDB e fundo DI?


Com a Selic em patamar elevado de 13,75% ao ano, investidores correram para se posicionar em investimentos de renda fixa. O aumento da demanda exigiu um rápido movimento das casas para o lançamento de produtos. De olho nesse mercado, a Investo lança nesta quarta-feira (9) o primeiro ETF (fundo de índice) que replica uma carteira de títulos públicos do tipo Tesouro Selic, o LFTS11.

Em outubro, o InfoMoney já havia antecipado que a casa preparava o lançamento do ETF.

Na prática, o produto terá como referência o Teva Tesouro Selic, que considera apenas títulos públicos Tesouro Selic com vencimento de mais de dois anos, e que foi criado pela Teva Indices. Ou seja, o ETF irá render exatamente a Selic do momento, que agora está em 13,75% ao ano.

O LFTS11 terá taxa de administração de 0,19% ao ano e o investidor poderá adquiri-lo a partir de R$ 100, valor da cota. Há oito ETFs de renda fixa local disponíveis na B3 hoje, sem contar com o novo produto. O LFTS11 será o primeiro fundo de índice a seguir o desempenho dos títulos públicos pós-fixados.

A maior parte dos produtos disponíveis atualmente tem como referência índices atrelados à inflação, como o IMA-B (categoria de índices que acompanham uma carteira de títulos atrelados ao IPCA, ou seja, representam o desempenho dos preços de mercado de títulos públicos do tipo Tesouro IPCA+).

Prós

Uma das vantagens do produto está na questão tributária. Cauê Mançanares, CEO da Investo, explica que sobre o LFTS11 incidirá uma tributação de 15% sobre o ganho, independentemente do prazo de manutenção.

A razão é que os títulos incluídos no ETF possuem vencimento a partir de dois anos e por isso, o valor que incide de IR será de 15%. O mesmo não é válido para todos os ETFs, que podem registrar variações na cobrança das taxas de tributação.

Isso representa um ganho tributário em relação ao investimento direto em títulos públicos, já que sobre eles incide a tabela regressiva do Imposto de Renda, em que taxa inicial cobrada é de 22,5% e chega a 15% apenas dois anos após o início da aplicação.

O mesmo ocorre com fundos DI, que são tributados a partir de 22,5% e ainda sofrem com o come-cotas, que funciona como um adiantamento do IR, cobrado duas vezes ao ano (sempre em maio e novembro), a uma alíquota de 15% de imposto sobre a rentabilidade obtida no período (sendo deduzidos da aplicação no formato de cotas).

Nas aplicações de até 30 dias, é cobrado também o IOF (Imposto sofre Operações Financeiras). Já no caso de ETFs de renda fixa, não há incidência de IOF.

A possibilidade de alocar em um título de forma passiva, ou seja, sem ter que se preocupar com prazos de vencimento, também pode ser uma vantagem, especialmente para investidores mais iniciantes, conforme aponta Arthur Valle, fundador da Trendset e associado à OhmResearch.

“Esse ETF chega como um elemento fundamental na carteira do investidor, em especial aquele que segue a estratégia passiva, ou seja, que não busca ‘bater’ o mercado e se contenta com o retorno médio do mercado”, destaca Valle.

O especialista também chama atenção para a possibilidade que o produto oferece de investir em títulos públicos, sem a necessidade de depender de fundos de terceiros, que podem cobrar taxas de administração mais salgadas, embora haja algumas opções com a taxa zerada.

Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, vai além e afirma que outra vantagem está na taxa de administração do produto, que é de 0,19% ao ano. Nesse caso, explica, se o investidor deixasse o dinheiro aplicado no ETF, ele pagaria uma taxa de administração menor do que a taxa de custódia do título público, que é de 0,20% para alocações de até R$ 10 mil.

“Esse produto faz sentido para quem vai investir por pouco tempo, como 30 dias ou seis meses, e deseja ter uma rentabilidade melhor do que teria no Tesouro Selic”, defende Paletta.

Já para períodos mais longos, como algo entre dois e quatro anos, o especialista da Monett afirma que o investimento talvez não seja o mais adequado. Ele faz uma comparação com um fundo DI, em que há incidência do come-cotas.

O analista explica que o investidor pagará uma taxa de administração um pouco menor, mas que não será compensado pelo adiantamento do Imposto de Renda, que acontece por meio do come-cotas. Isso ocorre porque, ao resgatar o valor que foi investido em fundo DI, o investidor recebe um desconto pelo que foi tributado anteriormente via come-cotas.

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Outra vantagem colocada por especialistas está nos benefícios de aplicação para investidores que são pessoas jurídicas. Catherine Cruz, head de alocação da Braúna Investimentos, observa que atualmente esse tipo de investidor costuma alocar em compromissadas e que as taxas oferecidas costumam rondar em torno de 85% do CDI.

“Nesse caso, o investidor consegue uma taxa mais atrativa e não é preciso ficar dois anos para pagar 15% de Imposto de Renda”, destaca Catherine.

Contras

Já a grande desvantagem está na liquidez. A especialista da Braúna Investimentos pondera que o investidor pode ter dificuldade de sair e de entrar da aplicação na hora que desejar.

“Se não conseguir dar liquidez ao ETF, as empresas e as pessoas em geral não vão aportar grandes volumes, porque na hora de sacar, vai ter essa ‘trava’ de negociação”, alerta Catherine.

Paletta compartilha da visão e diz que produtos novos costumam demandar um tempo para que haja uma liquidez suficiente para que o investidor consiga comprar e vender o título dentro do preço justo.

“ETFs têm oscilação no preço. Vender no curto prazo um título com pouca liquidez pode fazer com que você venda a um preço que não seja justificado ou que não represente a rentabilidade do Tesouro Selic, ou seja, o retorno da Selic”, observa o profissional da Monett.

Outro ponto de atenção envolve o período de resgate. No caso do Tesouro Selic e de fundos DI, a liquidez é diária. A não ser que o investidor faça o pedido de resgate no Tesouro Direto após as 13h. Nesse caso, o resgate ocorre no próximo dia útil (D+1, no jargão do mercado).

Catherine lembra que, para gastos do dia a dia, o investidor deve optar por opções com chance de resgate no mesmo dia, mas que é possível deixar uma parte do caixa em produtos com resgate em dia útil.

Valle, da Trendset, também acredita que o LFTS11 pode ser uma boa opção como reserva de oportunidade para quem deseja aguardar o momento mais adequado para montar posição em algum ativo.

Calculadora de retornos

Em termos de retorno, o produto da Investo também se destaca. Cálculos feitos pela própria gestora mostram que o LFTS11 poderia oferecer um retorno de até R$ 1.140, se a pessoa investisse R$ 10 mil e deixasse o valor aplicado por 12 meses.

Ao mesmo tempo, se optasse por alocar em um CDB que oferece 100% do CDI, o investidor iria obter um ganho de até R$ 1.114. Já se a preferência fosse por um fundo DI, o ganho seria de R$ 987 ao longo do mesmo período.

Quanto renderiam R$ 10 aplicados?

Produto Rendimento em 30 dias Rendimento em 6 meses  Rendimento em 12 meses
LFTS11 R$ 10.090,000 R$ 10.555,00 R$ 11.140,00
CDB 100% CDI R$ 10.083,00 R$ 10.526,00 R$ 11.114,00
Fundo DI 100% CDI R$ 10.080,00 R$ 10.505,00 R$ 10.987,00
LCA R$ 10.596,00 R$ 11.275,00
Tesouro Selic R$ 10.084,00 R$ 10.529,00 R$ 11.123,00
Poupança R$ 10.063,00 R$ 10.384,00 R$ 10.783,00

Fonte: Investo

Para a conta, a gestora disse que considerou o retorno do CDI em 13,65% ao ano e a Selic em 13,75% ao ano. Para o cálculo do retorno do fundo DI, a Investo levou em conta que o produto tinha uma taxa de administração de 0,5% ao ano, já para a LCA foi considerada a rentabilidade do produto entre 84,6% e 93,9% do CDI.

“O lançamento de um ETF de títulos atrelados à Selic é extremamente bem-vindo, trazendo simplificação ao investidor de ETFs de renda fixa, que já tinha opções com uma cesta de títulos IMA-B [atrelados à inflação] e títulos prefixados”, finaliza o profissional da TrendSet.


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