Por que está todo mundo de olho numa aparente aproximação entre Kim Jong-Un e Vladimir Putin?
Os Estados Unidos acusam Coreia do Norte e Rússia de estarem planejando um acordo, em que Kim supriria munição e mísseis para o Exército russo usar na Ucrânia.
Mas a Rússia afirma que discute realizar exercícios militares em conjunto com a Coreia do Norte, parecidos aos que os Estados Unidos fazem com os aliados Japão e Coreia do Sul.
Isoladas da comunidade internacional e alvo de sanções, Coreia do Norte e Rússia se beneficiariam de uma aproximação. Enquanto a Rússia precisa de armas, a empobrecida Coreia do Norte precisa de dinheiro e de itens básicos, como combustível e comida.
Do lado dos Estados Unidos e seus aliados, a preocupação vai além das armas que podem ir parar na guerra na Ucrânia.
O principal temor é de que a Rússia acabe vendendo aos norte-coreanos tecnologia crucial para que Pyongyang avance ainda mais no seu programa nuclear, que já inclui mísseis capazes de atingir território americano, sul-coreano e japonês.
Essa aparente aproximação entre Kim e Putin pode ter ainda mais efeitos: primeiro, permitir à Coreia do Norte diminuir a dependência da China, sua principal aliada comercial e de segurança.
Em segundo, sinalizaria um fracasso do sistema internacional de sanções, ou seja, das proibições implementadas pela ONU e pelos Estados Unidos para impedir que países comercializem com a Coreia do Norte tecnologias-chave que ajudem o país a construir armas atômicas.
Em resposta, a estratégia do governo americano tem sido divulgar ao máximo sua inteligência sobre os dois adversários, na expectativa de que isso frustre eventuais acordos privados entre Kim e Putin. Resta ver até que ponto essa tática vai funcionar.
BBC News Brasil
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