Debêntures e outros papéis de renda fixa somam R$ 31 bi em agosto, 96% das emissões no mercado de capitais


A busca por papéis de renda fixa – que voltaram a oferecer taxas atrativas com o avanço da Selic de 2% para os atuais 13,75% ao ano em apenas 18 meses – deixou a prateleira de produtos mais robusta. Não é à toa: as emissões de ativos de renda fixa em agosto corresponderam a 96% de todo o montante emitido no mercado de capitais em agosto.

Essa é a maior participação já registrada pelo segmento em um mês desde setembro de 2018, justamente às vésperas da última eleição presidencial e quando a Selic estava em 6,50% ao ano. No mês passado, ao todo, as emissões na renda fixa bateram a marca dos R$ 31,2 bilhões.

Os dados fazem parte de levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Embora as projeções apontem que a taxa básica de juros deva encerrar 2022 em 13,75% e recuar para 11,25% ao ano no fim de 2023, as perspectivas para as emissões seguem positivas.

“Mesmo com a possibilidade do ciclo de alta dos juros não se prolongar nos próximos meses, o elevado patamar das taxas ainda deverá manter atrativas as condições dos papéis de renda fixa no mercado primário, por conta do forte fluxo de investidores para o segmento”, afirmou José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.

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Debêntures são destaque

Entre os títulos de renda fixa, as emissões de debêntures foram destaque, ao atingir R$ 21,6 bilhões em agosto – ou seja, responderam por dois terços das ofertas totais do mercado de capitais no mês.

No ano, o volume captado com as debêntures segue elevado e soma R$ 180,2 bilhões, um crescimento de 31% em relação aos R$ 137,5 bilhões ofertados de janeiro a agosto de 2021.

O aumento no número de emissões está ligado ao crescimento do interesse dos fundos de investimento, que agora representam 42,8% dos subscritores entre janeiro e agosto, considerando ofertas do tipo CVM 400 (voltadas para o público em geral) e CVM 476 (direcionadas a investidores profissionais, com mais de R$ 10 milhões declarados em investimentos no mercado financeiro; ou qualificados, com mais de R$ 1 milhão, nessa ordem). A título de comparação, no mesmo período do ano passado, os fundos correspondiam a 36,5% dos investidores.

Investidores estrangeiros, por outro lado, reduziram ainda mais a sua participação, representando apenas 0,1% dos subscritores entre janeiro e agosto deste ano – percentual bem abaixo dos 6,2% verificados no mesmo período de 2021.

Já no caso de ofertas do tipo CVM 400, as pessoas físicas corresponderam a mais da metade (57,7%) dos subscritores, seguidas por fundos de investimentos, com 21,7%.

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Chama a atenção também que o percentual de debêntures que oferecem o CDI acrescido de um spread (taxa de juros adicional) subiu para 81,9% entre janeiro e agosto deste ano. O percentual é bem maior do que os 65,3% registrados um ano antes.

Da mesma forma, a fatia das debêntures que possuem a remuneração atrelada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o período entre janeiro e agosto em 15,5%, valor inferior aos 25,1% vistos no mesmo período do ano passado.

Além das debêntures, as emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) têm chamado a atenção, ao representar o segundo maior montante entre as ofertas de títulos de renda fixa.

Embora os números sigam elevados no acumulado do ano ao somar R$ 28,7 bilhões, é possível perceber que as ofertas desses tipos de papéis sofreram o primeiro recuo no ano. As emissões de CRIs terminaram o mês de agosto em R$ 4,2 bilhões, abaixo dos R$ 7,9 bilhões registrados em julho.

Ofertas minguadas na renda variável

Enquanto a renda fixa foi novamente destaque em agosto, a renda variável se mostrou – mais uma vez – em uma situação delicada, especialmente com a aproximação do período eleitoral.

No mês passado, houve recuo nas ofertas de fundos que investem nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros) e de fundos imobiliários (FIIs), que terminaram o período com volume emitido em R$ 416 milhões e R$ 860 milhões, respectivamente.

Além disso, agosto encerrou sem nenhum follow-on (oferta subsequente de ações). A última vez que isso ocorreu foi em dezembro de 2021.

Apesar da situação delicada, no acumulado do ano até agosto, as captações de ações somam R$ 49,7 bilhões, sendo R$ 406 milhões em aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês) e R$ 49,3 bilhões em follow-on.

Embora o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa brasileira tenha aumentado no último mês, é possível perceber que os investidores externos reduziram a participação na subscrição de ações, de 35,9% para 25,8% entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Entre os investidores internacionais que mais cresceram em termos de volume estão os americanos, que viram a participação aumentar de 48,5% entre janeiro e agosto de 2021, para 75,2%, nos últimos oito meses deste ano.


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