Como as decisões do Fomc afetam o Bitcoin e o mercado de criptomoedas


O Bitcoin (BTC) surgiu como uma resposta de descontentes contra o sistema financeiro tradicional durante a crise de 2008 e apesar das grandes discussões sobre seu futuro e das outras criptomoedas, ele sempre foi considerado um ativo descorrelacionado com a economia e o mercado financeiro.

Isso foi reforçado no início da pandemia do coronavírus. Após uma forte queda junto com todos os mercados, as criptomoedas iniciaram uma recuperação em menos de dois meses, conforme investidores iam avaliando a necessidade de diversificação da carteira e como as moedas digitais tinham fundamentos que as separava das ações e outros ativos.

Porém, isso começou a mudar no final de 2021, conforme aumentava a inflação nos Estados Unidos e surgiam os primeiros sinais de que uma recessão podia ocorrer em breve, o que também levaria o Federal Reserve – como é chamado o Banco Central dos EUA – a agir aumentando os juros.

Diante disso, Bitcoin, Ethereum (ETH) e outras moedas digitais passaram a ser consideradas muito mais ativos de risco do que exatamente ativos que são descorrelacionados com o mercado tradicional, mesmo que suas características não tenham mudado.

Essa mudança fez com que, por mais que os fundamentos fossem diferentes, as criptos começassem a aumentar sua correlação com o mercado de ações, principalmente os papéis de empresas de tecnologia.

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O ano de 2022, portanto, tem sido marcado por um período em que o Bitcoin e outras criptos têm andado praticamente juntos com índices como o S&P 500 e Nasdaq, da bolsa de Nova York.

Isso alterou a forma como o mercado carrega as criptomoedas, fugindo delas em momentos de maior tensão, em que investidores correm para ativos mais seguros, e comprando quando o apetite por risco aumenta.

Leia também: Entenda como o aumento da taxa de juros nos EUA atinge a economia brasileira

Como a decisão do Fomc afeta o preço do Bitcoin?

Oito vezes por ano os membros do Fed se reúnem no chamado Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) para decidir sobre a taxa de juros americana. E desde o início de 2022, o órgão iniciou uma alta nos juros, impactando o mundo todo.

Na prática, a elevação dos juros nos EUA incentiva a aplicação em papéis no Tesouro americano, considerados um dos ativos mais seguros do mundo e com baixíssimo risco de perdas. Conforme as taxas aumentam, a remuneração desses títulos também fica maior.

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Com as criptomoedas sendo vistas muito mais como ativos de risco do que como algo descorrelacionado com o mercado tradicional, os investidores fogem delas – e até mesmo das ações tradicionais – para investirem nesses títulos do Tesouro quando o cenário está mais negativo.

“O Fed tem capacidade de afetar as condições de liquidez e disponibilidade de capital no mundo. Durante um longo período que vivenciamos juros baixos no mundo desenvolvido tivemos um elevado apetite por risco e agora com o processo inflacionário vemos a reversão dessa tendência com juros americanos subindo voltando a remunerar investidores e diminuindo a liquidez para classes de ativos mais sofisticadas no meio de um conturbado cenário geopolítico e inflacionário global”, explica Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset.

Mais do que apenas a decisão em si, os analistas e investidores acompanham de perto os dados econômicos dos EUA, já que são esses números que guiam o Fed. Em especial, o que tem pesado mais é a inflação, que tem se mantido bem acima do esperado, o que tende a fazer com que o banco central americano suba os juros para controlar os preços.

Além disso, existe o risco de recessão nos EUA, que é aguardada para meados de 2023, apesar de analistas aliviarem um pouco o impacto direto que isso terá no mercado como um todo. Mas é olhando dados como o PCE (inflação americana), relatório de emprego e Produto Interno Bruto (PIB), que os investidores tentam antecipar o movimento das taxas de juros.

Bitcoin correlacionado com o mercado tradicional

Diante disso tudo, muitos investidores se questionam se realmente o Bitcoin e outras criptomoedas são descorrelacionadas das ações e outros ativos tradicionais. Após anúncio do quarto aumento consecutivo dos juros dos EUA em 75 pontos-base no dia 2 de novembro, o Bitcoin avançou 1,3% logo em seguida, junto com as bolsas mundiais.

Ainda assim, a visão de especialistas é que a moedas digitais seguem sendo um “mundo a parte”.

E apesar de em muitos momentos a criptos serem tratadas como um todo, existem diferenças dentro do grupo, e o Bitcoin segue como a importante, por isso muitas vezes sua volatilidade é menor, e seus fundamentos mais fortes.

“As criptos não passam incólumes [pelas decisões do Fed], com o Bitcoin sendo um pouco menos impactado por suas características de escassez, descentralização e uma política monetária definida e imutável. Mas afeta sobretudo os projetos cripto mais alavancados e sensíveis a disponibilidade de recursos com o mercado de finanças decentralizadas (DeFi), projetos de jogos play-to-earn e demais projetos mais em estágios iniciais”, conclui Ludolf.

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