As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa no mês de julho


Com uma forte alta na última semana, o Ibovespa conseguiu fechar o mês de julho com avanço de 4,69%, a 103.164 pontos, após rondar na casa dos 100 mil pontos por diversos pregões.

Ainda assim, as tendências observadas nas primeiras semanas do mês se mantiveram no consolidado do período, com uma recuperação parcial de ações de varejistas e de crescimento, enquanto os ativos de commodities metálicas e de aéreas foram destaque de queda em julho. Já com uma disparada na reta final do mês, a Petrobras (PETR3;PETR4) figurou entre as maiores altas do período.

Confira os destaques do mês:

Maiores altas

Via (VIIA3), Locaweb (LWSA3) e Positivo (LWSA3): ações de crescimento se recuperam

Apesar do cenário para o varejo seguir pressionado, as ações de companhias do segmento com forte queda no ano encontraram um alívio em julho, principalmente na primeira quinzena do mês, quando ganhou força a tese de uma recessão global. Tal visão de mercado, por sua vez, fez com que as commodities (como minério) fossem pressionadas para baixo, com projeções de menor demanda.

Em sequência, a menor pressão de preços destes produtos gerou certo alívio para as perspectivas de inflação, levando a uma menor pressão sobre a curva de juros e impactando as chamadas ações de crescimento, como varejistas e techs. Isso ajudou a impulsionar ações de companhias como Via (VIIA3), Locaweb (LWSA3) e Positivo (POSI3) no mês, com ganhos respectivos de 25%, 23,60% e 20,46%.

Empresas de varejo e de tecnologia são muito sensíveis a variações de taxas de juros. Companhias de crescimento contam com seus fluxos de caixa em períodos muito longos e, quanto maior os juros, maior também a taxa de desconto, o que leva a um valor menor para os preços dos ativos quando levados a valores presentes.  Além disso, as varejistas estão associadas ao ciclo de crédito e à atividade econômica local. Com isso, quanto os juros caem, elas sobem, e vice-versa.

Olhando para frente, ainda há muita divergência sobre o que esperar para as ações destas companhias de crescimento após a recuperação deste mês, principalmente quando o assunto é varejista de e-commerce. Algumas casas seguem cautelosas com os papéis, como foi o caso do Bradesco BBI, que afirmou não ver ponto de virada próximo para ações de varejistas. 

Na visão dos analistas do banco, o setor está antecipando uma queda de juros por parte do Banco Central no ano que vem.

Porém, na avaliação do BBI, o ponto de virada ainda não está à vista. Observando o desempenho do setor em torno dos ciclos de juros desde 2005, os analistas apontaram que as altas do varejo tendem a acompanhar a queda das taxas de juros (em vez de antecipar).

“Claramente, alguns investidores se posicionarão à frente de uma queda das taxas de juros de forma a serem capazes de capturar totalmente um rali do setor”, aponta o BBI. Porém, como a equipe econômica do banco espera que o Banco Central comece a reduzir a Selic apenas a partir de junho de 2023, os analistas ainda acham muito cedo para ficarem otimistas, notoriamente com nomes altamente cíclicos, especialmente se as tendências de vendas se deteriorarem ainda mais no curto prazo. Para a ação da Via, a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 4.

Beneficiada pela queda de juros, mas também com projeções positivas para o seu resultado, a ser divulgado em 10 de agosto, a Locaweb teve forte alta de suas ações, chegando a disparar 15,5% apenas no último dia 20 deste mês.

O Credit Suisse publicou relatório com projeções positivas para o segundo trimestre da companhia. Segundo os analistas do banco, a Locaweb deve registrar um resultado positivo no segundo trimestre de 2022, com uma combinação de crescimento robusto das receitas e recuperação da margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida).

BRF (BRFS3): recuperação no radar

Outra ação que apareceu como beneficiária da recente queda de commodities, desta vez commodities agrícolas, e registrou recuperação no mês, foi a BRF (BRFS3), com alta de 17,44% no período.

O Bradesco BBI tem reforçado durante todo o mês o seu cenário de queda para os preços das commodities agro, destacando pontos como: (i) aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e (ii) a demanda da China decepcionante, com as margens da indústria de suínos em dificuldades sugerindo que os preços dos grãos precisam cair até 25% para que as margens retornem ao ponto de equilíbrio.

Assim o seu case otimista para a BRF, que tem os grãos como insumo para a alimentação dos frangos, tem se reforçado. “Embora haja um atraso de seis meses das mudanças nos custos de alimentação à vista para refletir nos resultados, dada a capacidade de armazenamento e o ciclo de produção, acreditamos que o mercado antecipa mudanças na lucratividade futura com base nas mudanças nos preços no mercado à vista”, apontam os analistas do banco.

O Itaú BBA espera que a BRF seja um dos destaques entre as empresas de alimentos no segundo trimestre. “Projetamos que a operação do Brasil demonstrará sinais de melhora diante da decisão da companhia de resolver os problemas na
cadeia de suprimentos logo nos primeiros meses do ano. No segmento internacional, a divisão Halal (focada em produtos para consumo de países árabes) deve reportar mais um trimestre otimista. Isso ocorre devido à nova dinâmica de fornecimento de frango a estes países dada a guerra entre Rússia e Ucrânia, importante fornecedor deste produto na região”, apontam os analistas.

Na última semana, a dona das marcas Sadia e Perdigão ainda teve uma notícia positiva, com o governo da Arábia Saudita voltando a autorizar importação de frango da unidade da BRF em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, que estava suspensa desde 2019. “A notícia é bastante positiva para a companhia, visto que a Arábia Saudita é um dos principais mercados mundiais de frango e representou cerca de 6% da receita da companha em 2021”, apontou a Eleven Financial.

Petrobras (PETR3;PETR4: bons resultados, bons dividendos

Com uma disparada na reta final de julho, desde que começou a circular no mercado a possível antecipação de dividendos (como parte de uma estratégia do governo para colocar as contas no azul), as ações da Petrobras (PETR3;PETR4, tanto ON quanto PN, se destacam entre as maiores altas do mês. PETR3 subiu 21,02%, enquanto PETR4 teve alta de 22,27%.

O dividendo foi anunciado na última quinta-feira e impressionou. A companhia pagará o total de R$ 87,8 bilhões em dividendos referentes ao segundo trimestre, um recorde trimestral, a R$ 6,73 por ativo. 

Desse total, R$ 32,1 bilhões serão pagos à União, acionista controladora da empresa, e ao BNDES e BNDESPar, também acionistas da companhia. O valor é quase o dobro do pagamento de dividendos à União referentes ao primeiro trimestre, de R$ 17,7 bilhões. O montante anunciado se soma aos R$ 48,5 bilhões pagos no primeiro trimestre, acrescentou a assessoria da empresa.

Os totais somados resultam em R$ 136,3 bilhões no semestre, já superando os dividendos aprovados referentes ao exercício de 2021, que totalizaram R$ 101,4 bilhões.

O valor superou as expectativa do Credit Suisse, disse o banco em nota. Para o Itaú BBA, a notícia foi muito positiva. “O anúncio de hoje do pagamento de dividendos de R$ 6,70 ação veio como uma surpresa, mesmo com nossa estimativa otimista de R$ 4,40 por ação. O dividendo anunciado corresponde a um yield em torno de 21% (dividend yield, ou valor do dividendo sobre o preço da ação), comparado com nossa estimativa de 15% para o trimestre”, afirmou. 

Apesar de possíveis rusgas sobre a antecipação, os resultados fortes apresentados pela companhia na sequência diminuíram preocupações, mostrando um lucro pujante de R$ 54,33 bilhões no período, bem acima do esperado e um Ebitda de R$ 98,26 bilhões que chamaram mais atenção. 

“Acreditamos que, mais para frente, a Petrobras vai continuar a gerar mais valor tanto para a sociedade quanto para acionistas do que nos últimos anos”, escreveram Regis Cardoso e Marcelo Gumiero. Com os atuais preços do petróleo, o Credit Suisse estima que a Petrobras consiga gerar fluxo de caixa do acionista (FCFE, na sigla em inglês) de US$ 9 bilhões a US$ 10 bilhões por trimestre. “Acreditamos que todo esse fluxo de caixa livre vai ser distribuído aos acionistas como dividendos”, afirmam os analistas.

A maior força do preço do petróleo na reta final do mês, além de outras notícias sobre a estatal ajudaram a animar o mercado com as ações.

Dentre elas, a notícia, também desta semana, sobre a aprovação da diretriz de formação de preços no mercado interno. A diretriz incorpora uma camada adicional de supervisão da execução das políticas de preço pelo Conselho de Administração e Conselho Fiscal, a partir do reporte trimestral da diretoria executiva, formalizando prática já existente, segundo a empresa.

A informação acabou sendo mais positiva do que os rumores de que seria o próprio Conselho de Administração da companhia o responsável por estabelecer a política de preços, sendo que a diretoria executiva da estatal passaria a apenas executar as decisões.

Em nota, o Goldman Sachs apontou que, embora observe que tais diretrizes não alteram a atual política de preços de combustíveis em vigor (que acompanha os preços internacionais, mesmo que com algum atraso), elas dissipam as preocupações que os analistas do banco ouviram de alguns investidores sobre possíveis mudanças na política de preços. “No curto prazo, as leis e estatutos vigentes limitam o espaço para intervenção do governo nas políticas da empresa”, avaliam os analistas do banco.

Cielo (CIEL3): de olho no 2º tri

A Cielo, mais uma vez, figurou entre as maiores altas do mês, com avanço de 18,13% no período, com as perspectivas mais uma vez de recuperação dos seus números, o que deve ser evidenciado na semana que vem com a divulgação do resultado do segundo trimestre, no próximo dia 2 de agosto, após o fechamento do mercado.

Neste mês, o Itaú BBA elevou recomendação para a empresa de maquininhas para equivalente à compra, pela expectativa de fortes volumes e crescimento para a indústria, com leve impacto em reprecificação.

A expectativa dos analistas é de R$ 300 milhões de receita para o trimestre e de R$ 1,1 bilhão para o ano (versus projeção anterior de R$ 985 milhões), explicados pelo crescimento da receita, menores custos de aquisição e melhores resultados para Cateno. Cabe ressaltar que a Cielo se destaca como a maior alta do Ibovespa em 2022, com ganhos superiores a 90%. O preço-alvo do BBA para CIEL3 é de R$ 5.

Já as adquirentes Stone e PagSeguro, listadas nos EUA, devem continuar se recuperando, mas com menos fôlego do que nos trimestres anteriores, avaliam.

Confira as maiores altas do Ibovespa em julho:

Empresa Ticker Cotação Variação
Via VIIA3 R$ 2,4 +25%
Positivo POSI3 R$ 6,86 +23,60%
Petrobras PN PETR4 R$ 34,15 22,27%
Petrobras ON PETR3 R$ 36,96 +21,02%
Locaweb LWSA3 R$ 6,77 +20,46%
Cielo CIEL3 R$ 4,43 +18,13%
BRF* BRFS3 R$ 15,96 +17,44%

*a ação da BRF entrou na lista uma vez que as duas classes de ações da Petrobras entraram na lista de maiores altas

Maiores baixas

Qualicorp (QUAL3): cortes de recomendação e visão pessimista do mercado

Ainda que a maior parte das quedas tenham sido de papéis ligados a commodities metálicas, a maior queda do Ibovespa ficou para uma ação do setor de saúde: a Qualicorp (QUAL3). A baixa em julho foi de 11,66%.

A ação foi mais uma vez alvo de corte de recomendação no final deste mês, desta vez pelo Citi, que rebaixou a recomendação para os ativos de neutro para “venda”, com o preço-alvo sendo cortado de R$ 15 para R$ 9. Os analistas do banco apontam que as tendências operacionais fracas devem persistir, além da falta de um catalisador claro de curto prazo.

O Citi projeta resultados fracos das empresas de saúde no segundo trimestre de 2022, ressaltando principalmente o impacto da inflação e do custo de capital.  A avaliação é de que as operadoras de planos de saúde estejam com a sinistralidade pressionada, com a volta dos procedimentos eletivos e uma piora em casos de síndrome respiratória durante o período, apesar de tendências comerciais positivas.

A Qualicorp, cabe ressaltar, vem sofrendo constantemente nos últimos resultados com os aumento dos cancelamentos, uma vez que os planos passaram a pesar mais no bolso do consumidor.

Vale (VALE3), CSN Mineração (CMIN3) e Bradespar (BRAP4): minério em baixa na Bolsa

Na sequência entre as maiores perdas, estiveram as ações de mineradoras ou relacionadas a elas, como o caso da Bradespar (BRAP4), holding da Vale (VALE3), além da própria e da CSN Mineração (CMIN3). VALE3 caiu 8,89%, BRAP4 teve queda de 10,94% e CMIN3 teve baixa de 9,33%.

Apesar do minério ter fechado o mês em queda de apenas 5,08% (pureza de 62% monitorado pelo índice Platts, da S&PGlobal Insights), a US$ 114 a tonelada, bem abaixo da baixa acumulada até o dia 19 (que chegou a ser de quase 20%), o cenário volátil para o setor e a perspectiva de números não tão animadores para o segundo trimestre fizeram com que as ações das mineradoras fechassem o período em baixa.

O mercado da commodity segue volátil a depender das notícias na China, alternando dias de queda com sinalizações de continuidade das políticas de Covid-zero e de alta com notícias sobre possíveis medidas do governo do país para estimular a economia.

Ainda nesta última quinta-feira, a Vale soltou seus resultados do segundo trimestre, que não agradaram os investidores.

Conforme destacou Andre Vidal, analista da XP, os menores preços realizados de finos de minério de ferro e maiores custos de frete e custo caixa C1 (custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto) afetaram os resultados, apesar de um ambiente de volume de vendas saudável para minério de ferro e para preços de níquel. O Ebitda ajustado proforma ficou em US$ 5,5 bilhões, 10% abaixo do consenso. A receita líquida de US$ 11,2 bilhões também decepcionou o mercado em 11%.

Analistas do setor têm destacado preferência por siderúrgicas a mineradoras como Vale e CSN Mineração, ainda que também apontem a resiliência das companhias.

É o caso do Goldman Sachs, que, em julho, reduziu o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts, ou ações negociadas na Bolsa americana) da Vale de US$ 17 para US$ 15, mantendo recomendação neutra para os ativos e destacando preferência por outros papéis do setor de mineração e siderurgia.

“Apesar da avaliação com desconto da Vale e dos retornos de capital relativamente altos, temos nossa recomendação neutra, pois vemos melhor risco-recompensa para os produtores de aço”, avaliam, tendo a Gerdau (GGBR4) como top pick do setor, mas também tendo Usiminas (USIM5) entre as preferidas.

“Mais especificamente, esperamos que a produção de aço da China diminua sequencialmente na segunda metade do ano, enquanto a demanda deve melhorar à medida que os bloqueios terminam, colocando uma pressão potencial de alta nos preços do aço” avaliou.

Gol (GOLL4): passagens em alta, mas custos ainda maiores

Mesmo com uma demanda em recuperação, os custos seguem tendo seu forte impacto sobre as ações de aéreas, o que levou a Gol (GOLL4), que também divulgou resultado na última semana do mês, a registrar forte queda, de 7,83% em julho.

A companhia divulgou seus números na quinta-feira (28), com prejuízo superior ao projetado pelo consenso do mercado.

“Os esforços da Gol para aumentar os preços das passagens aéreas e manter iniciativas de eficiência de custos não foram suficientes para compensar os preços mais altos do petróleo no mercado internacional e a depreciação do real”, diz o relatório do Bradesco BBI, que previa um prejuízo de R$ 810 milhões para a empresa. O resultado veio negativo em R$ 2,851 bilhões.

O BBI cortou o preço-alvo de GOLL4 em 20%, de R$ 15 para R$ 12, com recomendação neutra após a divulgação do resultado e da atualização do guidance da companhia. Se por um lado a aérea elevou sua estimativa de receitas para 2022, de R$ 13,7 bilhões para R$ 15,4 bilhões, de outro, reduziu sua previsão de capacidade (ASK), que deve ficar entre 55% e 65%. O guidance anterior estava entre 65% e 75%. Os números refletem uma previsão de continuidade na alta dos custos e nos repasses aos consumidores. A margem Ebitda foi revisada para baixo em quatro pontos base, para 20%.

A XP também reiterou a sua recomendação neutra para os ativos. “Destacamos a recuperação anual de capacidade (medido por ASKs) de 44%,  com yield continuando a subir sequencialmente (66% ao ano e 17% no trimestre), contribuindo para um aumento de receita de 215% (alta de 1% na base trimestral). “No entanto, as tarifas aéreas mais altas não foram suficientes para compensar totalmente um ambiente de custos mais desafiador”, apontou.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em julho:

Empresa Ticker Cotação Variação
Qualicorp QUAL3 R$ 9,85 -11,66%
Bradespar BRAP4 R$ 22,48 -10,94%
CSN Mineração CMIN3 R$ 3,5 -9,33%
Vale VALE3 R$ 69,75 -8,89%
Gol GOLL4 R$ 8,36 -7,83%

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