Ambev (ABEV3): volumes fortes de cerveja e alta de custos seguem dividindo analistas sobre ação após resultado


As ações ON da Ambev (ABEV3) registram uma sessão de queda, com baixa de 4,11%, a R$ 13,75, às 15h40 (horário de Brasília) na sessão após o resultado do primeiro trimestre de 2022 (1T22), mesmo com os analistas de mercado destacando surpresas positivas no balanço. Cabe destacar que o dia é queda para o mercado, com o Ibovespa em baixa de mais de 3%.

O Credit Suisse foi o mais otimista com relação aos números da gigante de bebidas que, na visão dos analistas, foram “particularmente impressionantes”.

Mais uma vez, a Ambev surpreendeu positivamente ao entregar um crescimento de volume anual de 2,1% na cerveja brasileira, atingindo níveis recordes de 91,3 milhões de hectolitros, apesar da forte base de comparação e tendências mais fracas da indústria.

O lucro por ação ficou à frente das estimativas de Credit Suisse e do consenso em 25% em média, devido a impostos de renda abaixo do esperado.

O banco mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o papel, e preço-alvo de R$ 16,50 frente a cotação de quarta-feira (4) de R$ 14,34, ou um potencial de alta de 15% frente o último fechamento.

Em teleconferência para apresentar os resultados, Jean Jereissati, CEO da companhia, destacou que a companhia registrou entre janeiro e março um bom desempenho, com as operações internacionais crescendo e as brasileiras, retomando.

Ele avaliou que a cervejaria conseguiu melhorar seus volumes de vendas domésticas no primeiro trimestre, a despeito da sazonalidade e do último aumento de preços, implementado em outubro. “O trimestre confirma a jornada para crescimento do Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] e a principal mudança é o Brasil”, reforçou.

Apesar da inflação global persistente ter sido um obstáculo para as margens, como esperado, ressalta a XP, uma estratégia comercial consistente em todas as unidades da Ambev, juntamente com a recuperação do consumo fora de casa no Brasil, ajudou a empresa a compensar um janeiro fraco e, portanto, entregar um forte aumento de receita líquida por hectolitro juntamente com volumes mais altos na base de comparação anual.

A receita líquida ficou 4% acima das expectativas da XP, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de 10% superior às projeções da instituição.

Cenário desafiador, iniciativas positivas

A XP, contudo, espera um ano desafiador pela frente, pois prevê que as pressões de custos em geral e a inflação persistente continuarão afetando negativamente as margens.

“No entanto, continuamos otimistas e impressionados com a rapidez com que uma empresa de mais de 100 anos conseguiu mudar durante a pior crise de todos os tempos. Esperamos que a Ambev continue ampliando suas vantagens competitivas, principalmente na frente comercial e, portanto, continue superando seus concorrentes”, avaliam os analistas.

Assim, reitera recomendação de compra e preço-alvo de R$ 18,80 em Ambev, ou potencial de alta de 31% frente o fechamento de quarta-feira.

Para o Bradesco BBI, que também ressaltou os resultados como positivos, os volumes de cerveja acima do esperado indicam que a empresa continuou se beneficiando dos desafios das concorrentes, que enfrentam gargalos e precisam implementar aumentos de preços mais fortes para compensar a pressão de margem. A recomendação é outperform, com preço-alvo de R$ 21, ou upside de 46% frente o último fechamento.

O Morgan Stanley, por sua vez, mais pessimista com a tese de investimentos da companhia, destacou que os números de vendas de cerveja foram sólidos para o trimestre, mas os custos aumentaram, levando assim a não haver grandes surpresas para o Ebitda. Assim, os analistas não veem o resultado como um catalisador para a ação e seguem com recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado) para ABEV3, com preço-alvo de R$ 14,34, ou 16,3% abaixo do valor de fechamento da véspera.

Os analistas apontam um 2022 difícil com perspectiva de esfriamento da demanda por cerveja no Brasil, aumento da capacidade dos concorrentes e o foco dos investidores para os custos de longo prazo.

Com uma projeção de desaceleração da receita à frente e margens prejudicadas em níveis mais baixos por mais tempo, os analistas ainda veem os múltiplos da ação como altos e permanecem com visão mais negativa.

O Goldman Sachs, por sua vez, tem recomendação de venda para a ação com preço-alvo de R$ 12, ou queda de 16,32% frente o fechamento da véspera, ainda que destaquem o resultado como amplamente positivo.

A receita líquida ficou um pouco à frente do consenso da Bloomberg (+3%), enquanto o EBITDA ficou um pouco abaixo (-3%, ajustando os créditos fiscais), avaliam, sendo o crescimento do volume de cerveja o destaque positivo, ganhando impulso ao longo do trimestre e superando tanto a indústria (que teve queda de 9%) quanto a Heineken (crescimento anual de um dígito baixo).

Como esperado, a inflação de custos permaneceu alta e os preços não foram suficientes para compensá-la totalmente, o que acabou levando a uma margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) em queda de 2,2 pontos percentuais na base anual de forma orgânica, abaixo do consenso Bloomberg.

“Reconhecemos que o BEES [plataforma digital B2B] vem ganhando força, mas, com o portfólio de produtos não-Ambev representando cerca de 3% do faturamento da Cerveja Brasil, acreditamos que pode demorar um pouco para ganhar escala”, avaliam. Os analistas esperam que o mercado continue focando o debate no crescimento de volume no curto prazo.

Na teleconferência de balanços, o CEO da Ambev avaliou que a cervejaria conseguiu aumentar receita por hectolitro e que vem ganhando participação no mercado, mas que o cenário ainda é incerto por conta de condições macro. “Há dúvidas enquanto a renda disponível das pessoas no ano, quanto ao impacto inflacionário. Do outro lado, tivemos dois carnavais”, destacou.

Já o cenário para rebalanceamento de preços mudou em 2022. Nos últimos dois anos a questão sobre o repasse de preços a consumidores tinha um problema por parte dos estabelecimentos, impactados por conta das restrições da Covid-19. “Revisitamos toda a estrutura de preços e não queríamos colocar pressão no consumo local. Se o estressasse com preço, seria exagerado”, avaliou Lucas Machado Lira, CFO da companhia.

Em 2022, a estratégia para repassar preços está sendo mais geral, com avaliação de canal e de olho na concorrência. “Conseguimos fazer crescer. Continuaremos flexíveis, observando a inflação e de olho na elasticidade da renda disponível, para aproveitarmos as oportunidades”.

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